Aurora.

Ainda estava escuro quando ela desceu as escadas e seus pés descalços não denunciariam qualquer movimento. Os cabelos negros desgrenhados foram presos de qualquer maneira numa tentativa frustrada de tirar a franja que escorria por cima do rosto.

Sem se importar com seu estado quase sonâmbulo, ela atravessou a rua e buscou o ar mais puro do dia, às cinco da manhã, nem mais nem menos, pontualmente como num despertar talentoso.

A pele branca refletia em meio ao dia que se dispusera a aparecer aos poucos, iniciando ali perto uma orquestra simultânea de pássaros coloridos, besouros quase invisíveis e toda flora que se embalava ao vento.

Ardia por desejar não ser interrompida, sem perguntas, sem respostas, era o primeiro dia do ano e o diálogo seria apenas respirar.

Bom dia! dentro de seus pulmões e seu cérebro tratou de manobrar todo seu corpo, sua circulação, seu balançar. E em meio aquela singularidade sentou-se no gramado ainda úmido pelo orvalho, erguendo os braços viu um céu azul claro e um sol ainda suave, respirou mais forte e juntando as mãos como em uma oração, sorriu por sua vida, pelo ar daquela manhã e por estar consigo mesma, era óbvio ela se encontrara ali, tão cedo para agradecer!

Feliz 2011 !!!!