A dança

"O meu amor sai de trem por ai

E vai vagando devagar, anda no seu tempo

Que passa de vez em vento...

Tulipa Ruiz

Quando o mar se arrasta pela areia, instantaneamente há um turbilhão de redemoinhos, partículas são levadas e trazidas, nada fica no mesmo lugar. Há um frenesi bagunçado, uma coreografia moderna, que nem assusta mais. Movimentos que complexamente estacionam e voltam a bagunçar...

Ritmos peculiares da vida, como grãos de areias instáveis, incontáveis...As milhares de vezes que você pisca o olho sem perceber, as inúmeras pétalas que se desprendem da rosa, os passos já dados e os que ainda vão dar, ou não...

Que bom não ter o controle de tudo, que saudável é não esperar e receber aquele abraço, reencontrar um amigo da infância, sair de casa e se surpreender pela chuva de verão, viajar pra matar a saudade...

E claro, como parte de um espetáculo, também ter o cenário que assusta, aquilo que ninguém quer: a morte de um parente querido, o tombo da bicicleta, o choro pelo amor não correspondido, o tempo que não volta mais, a perda do emprego, as rugas que começam a aparecer...

Mas por favor! Quem nunca tropeçou na dança? Pisou no pé do parceiro e o deixou, ou ficou, sozinho no salão? Movimentar é arriscar mesmo, é sair de casa e encontrar um temporal, é também ver borboletas colorindo a manhã. Nessa coreografia frenética sempre existirão os ritmos preferidos, da valsa romântica ao heavy metal alucinante, sempre terão as cores ideais, os novos passos, parceiros fantásticos ou bombásticos, sempre terão aqueles que convidarão pra junto de si e aqueles que desejarão deixar lá. E que tudo sirva pra aprimorarmos nossas escolhas, sabermos como conduzir com leveza e nunca esquecer que essencialmente se há vida, há tempo de recomeçar a dança.

Um post que dedico inteirinho a minha amiga Adriana - A Drika curiosa ;)

Ao som de Tulipa Ruiz - Do amor!