terça-feira, 30 de agosto de 2011

Hoje

"Não sei, mas sinto, uma força que embala tudo
Falo por ouvir o mundo, tudo diferente de um jeito bate ."


"Eu sempre estendi as mãos para as borboletas...
Abria os braços para o passado saudoso...
Para o futuro sonhado...
Mas nunca tocaram em mim.
Hoje, fiquei imóvel e uma pousou no meu pé."
                                                                                Fábio Rocha.




Sentindo saudade, ao som de Maria Gadu.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

The Road

"Não sei onde estou indo
Só sei que não estou perdido
Aprendi a viver um dia de cada vez."
                                                                                                     Legiao Urbana


Contam que um dia a estrada cansou de ficar ali parada, imóvel, rente sem altos e baixos. E com toda aquela calmaria sem perspectivas de animação ela desejou mudar-se. Contam, ainda, que ela se esforçava para correr, caminhar, rachar ao menos.
Dias passaram e ela continuou  insatisfeita, cinza e triste. Até que um dia um jovem andarilho que por ela caminhava chamou-lhe atenção, ele que parecia conversar com o cenário desértico esboçava um sorriso incrível.
Na manhã seguinte enquanto a estrada se lamentava o andarilho apareceu outra vez. Parece que agora ele segueria por aquele caminho e o que parecia ser um estranho tornou-se a alegria dela. Todos os dias ele passava e cantarolava despreocupadamente. Certo dia ele deixou cair algumas sementes que carregava, de onde nasceram flores, de onde vieram os pássaros, de onde passou a chegar as cores.
A estrada compreendeu então, que ela não precisaria sair dali pra poder sorrir, ela era uma obra que servia para que as pessoas fossem ao outro lado. Sem ela não teriam andarilhos sorridentes, nem sementes, nem flores, nem pássaros. Sem ela não teriam as cores.


Não importa se a estrada de hoje está cinza, sem asfalto, as vezes os obstáculos são necessários para a superação dos nossos limites! Tô numa fase de estradas coloridas porque consegui, até hoje, atravessar as cinzas. Chorei mas também sorri.
Ouvindo legião e seguindo...
Beijão meus anjos!
;*

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que se pode ver.


"Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar"
                                                   Nando Reis


Perto de um grande lago todas as tardes encontrava-se um senhor barbudo que permanecia em silêncio até o sol se por. O lago era um gigante de águas azuis e ao seu redor existiam plantas, flores coloridas e vários tipos de aves. E aquele senhor parecia fazer parte do cenário.
Passavam meses e sempre que observassem ele estava lá, sentado no banco as margens do lago esperando o por do sol.
Certo dia uma criança com aproximadamente sete anos sentou no banco e extrovertidamente perguntou-lhe:
- Oi, o que você tá fazendo ai?
Ele sorriu para a criança e fez um gesto com a cabeça indicando o por do sol que se aproximara.
A criança, ainda sem desanimar continuou. - Como você se chama?
Pacientemente o senhor esperou pelo seu espetáculo díário e quando o sol se foi ele olhou para aquele menino e lhe disse.
- Meu nome é Josué, em seguida sorriu para a criança e se despediu.
No dia seguinte a rotina de Josué seguia até que apareceu a criança outra vez, sentou-se no banco e disse:
- Seu Josué, eu não disse o meu nome. Chamo-me Miguel e também gosto do por do sol. E ambos permaneceram sentados ali, em silêncio, esperando pelo espetáculo.
Os dias seguiram e agora já não se via apenas um senhor barbudo sentado no banco. Havia também um garoto franzino de olhos claros.
Juntos construíram uma amizade entre sabedoria e inocência.
Certo dia Miguel perguntou: - Josué o que mais você gosta quando espera pelo por do sol? eu gosto quando o céu vai ficando cor de laranja.
Josué respondeu: - Ah! venho me despedir do sol e agradecer por tê-lo visto mais uma vez. E não importa quantas vezes eu faça isso, porque me sinto em paz cada vez que faço.

As pessoas não compreendiam por que razão uma pessoa passava tanto tempo olhando o sol na companhia de uma criança. Talvez ele não tivesse o que fazer! Talvez fosse louco! Elas nunca entenderam.
Não importava, Miguel com apenas sete anos compreendeu que seu amigo sentava-se lá para encontrar a si mesmo, enquanto sorria com um simples por do sol. Já ele se divertia esperando pelo céu alaranjado. As pessoas em volta estavam apenas a "margem" de tudo isso.

Cada um pode escolher a margem para se encontrar, seja atravessando ou permanecendo. O que realmente vai importar é a forma de ver o por do sol. A "margem" fica aquele que simplesmente não consegue sorrir diante dele.