sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que se pode ver.


"Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar"
                                                   Nando Reis


Perto de um grande lago todas as tardes encontrava-se um senhor barbudo que permanecia em silêncio até o sol se por. O lago era um gigante de águas azuis e ao seu redor existiam plantas, flores coloridas e vários tipos de aves. E aquele senhor parecia fazer parte do cenário.
Passavam meses e sempre que observassem ele estava lá, sentado no banco as margens do lago esperando o por do sol.
Certo dia uma criança com aproximadamente sete anos sentou no banco e extrovertidamente perguntou-lhe:
- Oi, o que você tá fazendo ai?
Ele sorriu para a criança e fez um gesto com a cabeça indicando o por do sol que se aproximara.
A criança, ainda sem desanimar continuou. - Como você se chama?
Pacientemente o senhor esperou pelo seu espetáculo díário e quando o sol se foi ele olhou para aquele menino e lhe disse.
- Meu nome é Josué, em seguida sorriu para a criança e se despediu.
No dia seguinte a rotina de Josué seguia até que apareceu a criança outra vez, sentou-se no banco e disse:
- Seu Josué, eu não disse o meu nome. Chamo-me Miguel e também gosto do por do sol. E ambos permaneceram sentados ali, em silêncio, esperando pelo espetáculo.
Os dias seguiram e agora já não se via apenas um senhor barbudo sentado no banco. Havia também um garoto franzino de olhos claros.
Juntos construíram uma amizade entre sabedoria e inocência.
Certo dia Miguel perguntou: - Josué o que mais você gosta quando espera pelo por do sol? eu gosto quando o céu vai ficando cor de laranja.
Josué respondeu: - Ah! venho me despedir do sol e agradecer por tê-lo visto mais uma vez. E não importa quantas vezes eu faça isso, porque me sinto em paz cada vez que faço.

As pessoas não compreendiam por que razão uma pessoa passava tanto tempo olhando o sol na companhia de uma criança. Talvez ele não tivesse o que fazer! Talvez fosse louco! Elas nunca entenderam.
Não importava, Miguel com apenas sete anos compreendeu que seu amigo sentava-se lá para encontrar a si mesmo, enquanto sorria com um simples por do sol. Já ele se divertia esperando pelo céu alaranjado. As pessoas em volta estavam apenas a "margem" de tudo isso.

Cada um pode escolher a margem para se encontrar, seja atravessando ou permanecendo. O que realmente vai importar é a forma de ver o por do sol. A "margem" fica aquele que simplesmente não consegue sorrir diante dele.

4 comentários:

Felipe Gondim disse...

Tão linda ^^)
Deveria ter o botão Curtir (y) aqui no blog.
Ainda quero partilhar um por do sol contigo. Ou melhor, vários!
Amo você, Maninha. =*

AlÂn sAymOn disse...

E se vc tem uma alma tão radiante quanto a cor do ceu quando o sol de põe - laranja - faz sentido, deslumbrar-se quando a grande estrela se despede de nós por aquele dia...

Taynná disse...

E sabe que me lembrei do meu lindo Pequeno Príncipe que sempre que queria arredava um pouco a cadeira e via o Sol se pôr novamente!
Acho uma coisa meio triste o Sol se pondo, embora eu seja uma criatura noturna, dá sempre uma saudadezinha gostosa sabe, meio nostálgica demais.
Tem um concurso rolando lá no Sucrilhos, você já viu? Está na página 'aniversário', ficaria feliz se minha arengueira mais rabugenta e amada de todas participasse!
Amo-te, como você mesma diz!

Beijo!!

Re Gondim disse...

Todo esse por do sol...todo o tom alaranjado. Agradecendo e convidando...vamos? ^^
Um xeiro grande em vocês!
;*